[31 Gaems] Super Mario Bros.: The Zoeira Levels
Dentre todos os jogos que deixaram suas marcas em minha vida, houve um especificamente que não me marcou somente pela experiência proporcionada, mas pela zoeira.Um certo dia na cidade de Curitiba, um bando de amigos de Porto Velho se reuniu pra jogar Super Mario Bros.: The Lost Levels, seguindo uma recém iniciada maratona pra zerar, fora de uma ordem, todos os Marios de Super Mario All-Stars, do Super Nintendo.Já havíamos terminado o Super Mario Bros. 3 em chegamos a começar o Mario Agricultor (Super Mario Bros. 2), mas demos uma parada porque só eu me empolgo loucamente por esse jogo e estava bem difícil avançar. Eis que resolvemos, numa noite, jogar Super Mario Bros., o original. Depois de terminá-lo, todos estavam determinados a continuar jogando e resolvemos partir para o temido Super Mario Bros.: The Lost Levels.The Lost Levels tem uma história interessante, para não dizer confusa. Em 1986, um tal de Super Mario Bros. 2 foi lançado no Japão, mas não o Mario Agricultor, e sim, um Mario muito parecido com o original, porém muito mais difícil. Com medo da reação do público norte-americano à continuação japonesa, a Nintendo resolveu transformar outro jogo seu, Yume Kojo: Doki-Doki Panic (que inclusive tinha mais input de Shigeru Miyamoto do que o Super Mario Bros. 2 japonês) em um jogo do Mario e rebatizá-lo de Super Mario Bros. 2 nos EUA, em 1988. Somente em 1993 é que o público americano pode ter seu primeiro contato oficial com o Super Mario Bros. 2 japonês, chamado de The Lost Levels na compilação Super Mario All-Stars. E, após essa salada, voltamos para onde eu havia parado.Diferente de todos os outros, lá pelo meio do jogo vimos que já fazia mais de hora que não conseguíamos passar de uma fase sequer. Precisávamos de algo pra melhorar nosso desempenho, nossa motivação. Precisávamos de algo pra aumentar nossa moral. Eis que tive a brilhante ideia de que todos deveriam jogar de cueca.Só de cueca.Era claramente o que estava faltando pra vencermos. Todos tiraram suas roupas e permaneceram só de cueca, incluindo a irmã mais nova do amigo responsável pelo empréstimo permanente do Super Nintendo. Menos um amigo nosso, que achou aquilo tudo um tanto quanto... estranho.Por alguma razão, não demorou muito para conseguirmos terminar o jogo e chegarmos à conclusão que método de jogar de cueca é muito eficiente quando as coisas estão difíceis.Comprovando o experimento científico, tempos depois, de férias em Porto Velho, nos unimos novamente no objetivo de terminarmos mais um jogo sádico: Super Ghouls 'n Ghost. Quatro horas corridas de jogo e não havíamos superado nem a primeira parte do jogo. Recorremos ao velho truque e, voilá, antes do amanhecer, já havíamos derrotado o chefe final. Certamente Arthur se sentiu menos vulnerável por estarmos acompanhando-o de cueca em seus momentos mais tensos.
Sobre o autor
Beto se chama Thiago Alves e foi um dos fundadores e game designer da Aduge, estúdio responsável por Qasir al-Wasat. Na Aquiris foi game designer do Ballistic, entre outros projetos. Recentemente deu início a um coletivos de jogos chamado Fuba Studio, focado em experiências mais sensíveis como Hug or Die!, Beautiful Monsters e um couch game que arranca sorrisos chamado GHOBA. *31 Gaems é uma série de 31 textos, escritos por 31 autores, sobre 31 jogos. Além da publicação no Overloadr, os ensaios também farão parte do app/zine Glitch Gazette, em desenvolvimento por André Asai, do Loud Noises.
Leia os outros ensaios do 31 Gaems já publicados no Overloadr:
Super Metroid – simulador de sobrevivência solitária – Thais WeillerSuper Mario Bros. 3 – entretenimento e magia – Marcos VenturelliWe Love Katamari – mas eu amo um pouquinho mais que você – Karen “bitmOO”Warcraft III – herói sem luzinha – Lucas MolinaA densa névoa de Kentucky Route Zero – George SchallStreets of Rage 2: Ruas da Treta - Danilo DiasNão preciso de vida, já tenho Mass Effect - Bárbara Bretanha