A volta do Nintendo World Championships me faz pensar em Super Mario Bros. at the Ice Capades

A notícia do retorno do Nintendo World Championships, em seja lá que forma ele venha a ter, me espiralou em direção às memórias de uma outra época. Uma em que a Nintendo dominava todas as conversas sobre videogames, mas de uma maneira positiva; não como alvo de piadas – que a essa altura de tão batidas podem ser consideradas memes – , sobre a iminência da falência dela.

Para ser justo, eu era bem pequeno quando essa era ocorreu. Mas mesmo sem muita idade e estando no Brasil, que não era exatamente o epicentro dos videogames, era possível sentir a explosão – que beirava o exagero – que era a presença das franquias Nintendo no cotidiano. Desenhos, bonecos, conversas sobre um filme, segredos mentirosos sobre uma quarta flauta em Super Mario Bros. 3… simplesmente havia gás o suficiente no NES e em seus jogos para fazer com que o diálogo nunca acabasse e sempre tivesse algo novo.

A volta do Nintendo World Championships fez isso ressurgir e, sejamos claros, obviamente que de forma nostálgica. Enquanto nas lembranças os videogames tinham algo de mágico nessa época, atrelado à sensação de que isso nunca mais surgiu novamente, a verdade é que muito, mas muito mesmo, do que existia dentro dessa órbita da Nintendo era uma porcaria absoluta. Porém, como crianças extasiadas pela ideia de colocar um novo cartucho no console ou de ver Mario, Link ou qualquer outro personagem na televisão, não julgávamos isso de forma alguma.

E isso me leva à primeira coisa que me veio à cabeça ao ter ouvido as palavras “Nintendo World Championships”: Super Mario Bros. at the Ice Capades. Okay, talvez tenha sido a quarta coisa, ficando atrás do filme The Wizard, do garoto usando a Power Glove nesse mesmo longa (“so bad…”) e as preciosidade que se tornaram as fitas usadas no campeonato, dadas como prêmios. Deepois de tudo isso vem o maravilhoso Super Mario Bros. at the Ice Capades, com certeza.

Esta indescritível apresentação é de 1989, um ano antes do World Championships, e, apesar de muitas obras terem tido a liberdade criativa para brincar com propriedades da Nintendo, essa é das mais especiais. É verdade, o rap da propaganda de The Legend of Zelda é algo que a história nunca irá esquecer, porém Super Mario Bros. at the Ice Capades é… olha, assista por conta própria, mesmo que você não domine totalmente o inglês. Você pode perder nisso as nuances das grandes atuações de Alyssa Milano e Jason Bateman, mas o homem pintado de verde que deveria ser Bowser provavelmente compensará tudo isso.

Talvez isso tudo tenha sido apenas uma desculpa para compartilhar com o maior número possível de pessoas essa pequena vírgula na história da Nintendo cuja existência, com o distanciamento histórico, é incompreensível. Entretanto, ao ouvir sobre o Nintendo World Championships algo me fez desejar um retorno, mesmo que leve, a esses dias em que os assuntos relacionados a videogames tinham um quê de velho oeste. Pode ser que tudo ainda seja exatamente como era; tecnologias como as de realidade virtual provam que ainda há muitos campos não explorados e novos dentro dessa indústria, isso sem contar os questionamentos feitos à atual relevância dos consoles e a queda de tantos estúdios que no passado povoavam a esfera do chamado AAA. Seria mais questão de mudanças de ponto de vista não enxergar tudo como selvagem e novo, como o era quando meus olhos tinham apenas cinco anos de idade.

Mas é também provável que eu só queira mais coisas que não tenham ideia do quão ruim são e acabem sendo acidentalmente (e com uma pitada de ironia) maravilhosas.

Viva Super Mario Bros. at the Ice Capades.