Pai e filhos unem esforços para desenvolver Eliosi's Hunt, que ganha campanha no Kickstarter
Eliosi’s Hunt é como se o universo de Oddworld se fundisse com Crash Bandicoot e Metal Slug. Nascido da vontade do mineiro Daniel Zaidan de fazer um jogo por conta própria, trata-se de uma aventura ambientada em um mundo alienígena, calcada em dois pilares clássicos dos videogames: plataforma e tiro.
Daniel começou o projeto aos 17 anos, em 2014, mas foi 2015 que ele engatou, com a entrada do irmão Tiago Zaidan, que na época cursava Ciência da Computação na PUC Minas, e do pai Fernando Zaidan, professor universitário da área de tecnologia. Assim, surgiu a TDZ Games, estúdio localizado em Belo Horizonte, que hoje conta com sete integrantes, além de três freelancers.
Todos trabalham integralmente no desenvolvimento de Eliosi’s Hunt, que de um pequeno experimento juvenil de Daniel, hoje é um dos jogos brasileiros em desenvolvimento que mais se aproxima, ao menos em termos de estética e tecnologia, de grandes produções de mercados mais estabelecidos, fazendo uso da Unreal Engine 4 e tecnologia de captura de movimentos. “Acho que estamos conseguindo um resultado legal em nosso primeiro jogo porque cada membro do time se foca em uma área que ama e estuda muito”, diz Daniel, em entrevista ao Overloadr. “Dessa maneira, mesmo tendo apenas um programador, um artista 2D, um artista 3D etc, podemos nos focar e aprender muito sobre cada área rapidamente.”
Nesta quinta-feira (28), a equipe deu início a uma campanha de financiamento coletivo no Kickstarter, com o intuito de arrecadar US$ 18 mil (aproximadamente R$ 60 mil) para dar continuidade ao desenvolvimento de Eliosi’s Hunt, que se aproxima de suas etapas finais. Daniel conta que, embora o pai atue como investidor, administrador e gestor, os custos elevados obrigaram a equipe a apostar no modelo de financiamento coletivo. “A primeira ação foi tentar investimento com uma aceleradora”, diz, “mas não conseguirmos pelo fato de não se tratar de um jogo mobile, que foi a resposta que recebemos. Assim, decidimos financiar o jogo com recursos próprios, mas os custos estão se tornando muito maiores do que previmos.”
Eliosi’s Hunt traz seis fases, escolhidas a partir de um mapa do mundo, que pode ser explorado conforme a história progride. Cada nível esconde seus segredos, como paredes falsas e caminhos alternativos. “A ideia é que cada fase explore um ambiente distinto tanto visualmente como em elementos de gameplay”, explica Daniel. Um sistema de risco e recompensa que permeia o jogo todo é o de checkpoints, que podem ser sacrificados em troca de powerups, dando um twist a mais na ação. Os equipamentos do protagonista, incluindo seu drone, que o acompanha o tempo todo, também podem ser aprimorados ao jongo da jornada.
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Daniel conta que o projeto só tomou a forma vista hoje após a entrada de mais pessoas no projeto, e a participação ativa de cada um na construção do mundo e das mecânicas. “Cada membro novo trouxe ideias e perspectivas diferentes. Quando o Filipe Siqueira (designer gráfico e artista conceitual) entrou na equipe, as raças foram desenvolvidas tanto visualmente quando culturalmente e a história do mundo foi sendo elaborada.”
A equipe decidiu projetar a própria jornada de desenvolvimento de seu primeiro jogo em Eliosi’s Hunt, na forma de uma alegoria, ao perceber uma semelhança com a história que vinham criando para seu próprio personagem. “No meio do processo de concepção do mundo, paramos e começamos a questionar as motivações do Eliosi, o protagonista”, conta. “Na história, ele é um jovem que sonha em se tornar caçador de recompensas, mas a aventura para completar seu primeiro contrato acaba sendo muito maior e difícil que ele imaginava. Nos perguntamos se seu sonho seria motivação o suficiente. Nesse momento, nós notamos um paralelo com a nossa jornada como desenvolvedores de jogos. Nós temos o sonho e, assim como Eliosi, tornar esse sonho em realidade está sendo muito mais complicado e difícil que imaginamos. Decidimos, então, explorar nossa jornada no jogo, apresentando-a como a aventura de Eliosi para se tornar um grande caçador de recompensas.”
Embora seja comum em grandes produções, Eliosi’s Hunt é um dos poucos jogos brasileiros a utilizar a tecnologia de captura de movimentos. O recurso foi disponibilizado pela Universidade FUMEC e os próprios desenvolvedores atuaram na performance dos movimentos.
Além da versão de PC, Eliosi’s Hunt também está previso para PlayStation 4 e Xbox One. “Conseguimos os kits de desenvolvimento há algum tempo”, diz Daniel. “O processo foi longo e cansativo (com contratos gigantes e tudo mais), mas para falar a verdade não foi muito difícil. Por enquanto, o desenvolvimento para os consoles têm sido bem tranquilo, muito provavelmente porque a Unreal Engine 4 faz todo um trabalho complexo por debaixo dos panos.”
Mesmo que não atinjam a meta no Kickstarter, a equipe está engajada para terminar o desenvolvimento do título, ainda que isso signifique extrapolar o prazo atual para seu lançamento, fevereiro de 2017. Em 28 de setembro a TDZ pretende publicar Eliosi’s Hunt em acesso antecipado no Steam. Uma demo também já está disponível na plataforma.