Tenho um encontro marcado com um homem no vestiário de uma academia virtual

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Robert Yang é um dos meus game designers preferidos da atualidade. Desde o final de 2014 ele vem periodicamente criando jogos pequenos e gratuitos (mas que podem ser comprados no esquema “pague quanto quiser”) sobre a sexualidade masculina, carregados de um homoerotismo cômico e repleto de significados e algumas críticas. Rinse and Repeat, lançado nesta sexta-feira (18) é o quinto jogo da série e, fazendo jus aos temas explorados por Yang, é sobre duchas coletivas pós-treino, em banheiros masculinos de academia. Então, já vale o aviso: considere que o conteúdo deste artigo é relativamente erótico e envolve homens nus, então talvez você não queira dar continuidade ao texto do escritório, ok?

Protagonizado pelo mesmo sujeito sarado, de óculos escuros, que também estrelou Succulent e Hurt Me Plenty (o qual você pode nos ver jogar em nosso Shuffle), em Rinse and Repeat controlamos a visão em primeira pessoa de um homem anônimo que se prepara para tomar sua ducha no vestiário da academia, até que somos surpreendidos pelo tal cara do peito peludo, que após uma entrada triunfal, escolhe o chuveiro exatamente ao lado do seu, talvez notando seus inevitáveis olhares. Talvez ele já tivesse notado em dias anteriores.

Sem hesitação, você aceita seu pedido de ensaboar suas costas e seu peito. Faça um movimento desajeitado ou desobedeça seu pedido e você perderá pontos com ele. Siga suas instruções e grunhidos de prazer para potencializar seu grau de aprovação, adequadamente exibido na forma de porcentagem à frente de seu rosto entre uma ensaboada e outra, remetendo às expressões faciais que nos servem de feedback em situações de flerte.

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É uma experiência de subordinação sexual, tema que já for abordado por Yang em Hurt Me Plenty, que envolve estapear o traseiro do mesmo rapaz sem ultrapassar o limite do que ele classifica como prazeroso. Desta vez, porém, é o jogador quem se submete, obedientemente tateando e estimulando o corpo do rapaz de acordo com seus pedidos. Afinal, você quer ver onde isso vai dar, certo? Certo.

Aparentemente minhas mãos virtuais levaram o rapaz às nuvens, em minha última ensaboada, em seu abdômen, ou o ambiente todo não teria subitamente se tornado uma pista de dança, com direito a globo de espelhos refletindo centenas de pontos luminosos no ambiente.

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Talvez estivéssemos dando pinta demais, mas ele agradeceu e sugeriu me encontrar novamente ali, ao término de seu próximo treino, e foi embora. Depois da inevitável olhada em seu traseiro desnudo, o jogo focou meu olhar no mural de programação da academia, instalado no vestiário.

De repente, tudo ficou claro: o calendário marcava 9 de setembro e o relógio, a hora exata em que eu estava jogando Rinse and Repeat, momento seguinte à aula de “Punish Zumba”, da qual meu futuro boy havia saído para se banhar — ou seja, o primeiro horário pós-treino é sempre estabelecido pelo momento em que você abre o jogo pela primeira vez.

Todos os horários seguintes, em meu jogo, acontecem nos dias subsequentes. Ou seja, temos um encontro marcado (insinuado, eu diria) neste sábado entre 13h e 14h, após a aula de “Gun Aerobics” com o Blaine. Tentei sair do jogo e entrar novamente, na esperança de encontrar alguém no vestiário, mas apenas a contagem regressiva para meu próximo “date” me fazia companhia — mas eu já deveria ter imaginado, sabendo que alguns jogos anteriores da série também trazem mecânicas envolvendo tempo e espera. Quem sabe após o “Nuclear Pilates” ou o “Piss Aerobics” a gente não resolve tomar uma ducha na casa dele?

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Todos os jogos da série homoerótica de Yang são acompanhados de textos bem interessantes, que dissecam seus significados e críticas, e com Rinse and Repeat não é diferente. O problema aqui é que, como o ideal é lê-los após a experiência completa com o jogo (e eu realmente respeito a experiência para jogos com os quais me importo, o que significa que não adiantarei o relógio do meu computador para “enganar” Rinse and Repeat), não poderei fazê-lo até que eu veja o desfecho da minha história. O próprio Yang encoraja você a terminar o jogo e tirar suas próprias conclusões antes de saber o que ele pensa a respeito do assunto. Mas se você não se importar tanto, ou já tiver jogado Rinse and Repeat, não hesite em ler.

Você pode ver os dois primeiros minutos de jogo aqui: